quarta-feira, 9 de março de 2011

A Coluna (ou “a difícil tarefa de manter a cara longe da lama”)


por Cesar Valente

A coluna é uma das partes mais importantes do corpo humano. Mantém a gente em pé, segura a cabeça erguida. Como a natureza é sábia, ela fez a coluna com algum movimento. Pode (e deve) curvar-se um pouco, sem qualquer problema. Esse movimento natural da coluna se chama jogo de cintura. Se a coluna ficasse completamente rígida, sem qualquer movimento, poderia quebrar facilmente, como um galho seco.
                                                    
Mas também não devemos ter a coluna muito mole, que dobre com qualquer ventinho. É perigoso curvar demais a coluna, porque a bunda fica muito exposta e a cabeça encosta na lama. Entre os políticos, isso tem acontecido muito.

Todo eleitor deveria ter um aparelhinho (que ainda não foi inventado) para medir o quanto a coluna dos políticos em quem pretende votar se curva. Quando a coluna fosse flexível demais, acenderia um aviso de perigo: “cuidado, esse aí fica de quatro com muita facilidade”.

Portanto, assim como a coluna dos homens de bem, esta coluna que hoje inicio terá jogo de cintura, mas não se curvará demais. Justamente porque não quero mostrar a bunda e não gosto de lama na cara. Sejam bem-vindos. Espero que voltem sempre.

Sábado, 13 de agosto de 2005


Nota do editor:  O texto acima  integra o livro De olho na capital - Os dois primeiros anos (capa acima), seleta de colunas publicadas por Cesar Valente  no Diário do Litoral ,o Diarinho, de agosto de 2005 a agosto de 2007.  A capital, no caso, não é Brasília, mas Florianópolis. E um segundo volume tem tudo pra pintar por aí. O livro foi lançado em 2010 e pode ser adquirido na rede de livrarias Cultura.

                                                    
O autor, amigo do Café & Veneno e dono de finíssimo humor, é jornalista floripolitano com atuação profissional tanto na prática quanto no ensino da reportagem, da edição, da produção gráfica, da assessoria de comunicação e da administração jornalística. Iniciou no jornalismo em 1970 e atuou em Florianópolis, Porto Alegre, Brasília, São Paulo e Itajaí.

Sobre o livro escreveu a jornalista e diretora do Diarinho, Samara Toth Vieira: "A política catarinense virada do avesso, com bom humor, ironia, alguma amargura e completa independência. O registro e um observador que (...) compartilha com seus leitores aquilo que consegue ver por baixo dos panos."

4 comentários:

  1. Fomos presenteados com um texto bacanérrimo..Adorei!
    Penha Saviatto

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  2. Manterei a cabeça erguida e se a coluna precisar se curvar não passará de uma mesura.

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  3. Uai, gente!
    Soube do novo post da Cris Lopes e vim conhecê-lo. Mas não é que novamente já tem outro (de arquivo) na frente?
    Digam-me uma coisa, por favor: carnaval é bom ou ruim para a coluna?
    A.C. Scartezini

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  4. Gente,
    adorei o comentário da Cris Lopes e faço-o também meu:
    "Manterei a cabeça erguida e se a coluna precisar se curvar não passará de uma mesura."

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