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sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011

Ela é carioca.. Dicas para dias de chuva.

por Cris Lopes
   Aos meninos que aderem ao Café & Veneno

Depois de uma bela e ensolarada manhã, o Rio muda de cara, entristece-se e chove: lágrimas de São Pedro. De repente, o céu resolve transformar a melancolia em chuva de verão. As gaivotas avisaram desde cedo em voos aparentemente desorientados, sempre em grupos. Voam baixo: haverá mudança de tempo.

 
Carioca adora praia, mas também suspira por modelitos inverno

Somos a turma das rasteirinhas, sapatilhas, vestidinhos de alças e, na moda, o chapéu Panamá... Isso para quem trabalha, pois tem a turma que, como eu, aposentou-se. E os desempregados que dividem o tempo entre o procurar emprego e uma boa praia? O que fazer em um dia de chuva? E os que trabalham na praia, os camelôs que fogem do choque de ordem, o que fazem? Vai-se o ganha-pão.

Se chover por alguns dias, acontece o de sempre, acreditem! No maior calor, a carioca coloca para fora botas e lenços charmosos, antecipando a moda de inverno, o tal, que raramente passa por aqui e exige no máximo um casaco jeans e ankle boots. Não esquecem os óculos de sol, os tais comprados em Miami e com a grife bem grande escrita na haste. Acho interessante. A mudança de vestimenta e comportamento é total.

 
Pedro Vasconcelos estudou primeiro piano e violão.  Teve grande influência do pai, o músico brasiliense Ricardo de Vasconcellos.  Em 1997, aos 15 anos, interessou-se pelo cavaquinho e pela música instrumental, a partir da convivência com o bandolinista Hamilton de Holanda e  de seu irmão violonista Fernando César, o " Dois de Ouro".  Estudou com os professores de cavaquinho e harmonia Rogério Caetano, Henrique Cazes, e Alencar 7 cordas.  Tem Licenciatura em Música, pela Universidade de Brasília.
 

Chuva aqui, no verão, não refresca. Ao contrário, traz um calor abafado, preguento. As pessoas mudam completamente de cara. Atrás de guarda chuvas e às vezes capas, tornam-se tristes. Também, pudera, como viver no Rio sem ver o sol, sem caminhar em trilhas sobre o mar, sem andar de bicicleta na ciclovia? Como ir ao trabalho com roupinha leve e sandálias?

Barzinho com mesa do lado de fora, fica sem uso. Todos procuram os cantos fechados e fogem da chuva. Quem fuma arrisca-se, tem que ir lá fora fumar, mas isso é detalhe.Tenho meus truques: tuito com amigos queridos, ponho a leitura em dia, durmo mais do que a cama permite e ouço música, muita música. No momento ando apaixonada pelo CD Aquário - Primeiro, com belas composições de Pedro Vasconcellos, músico de Brasília, terra de muita música e do Clube do Choro. Aproveito este momento para declarar, mais uma vez, meu amor a Brasília.
A chuva não para. Voltarei ao meu livro e recomendo: leiam “Equador”, de Miguel Sousa Tavares. Vão adorar.

Saiba mais:

Equador é o primeiro romance do escritor e jornalista português Miguel Souza Tavares. Foi publicado em 2003 com grande repercussão dentro e fora de Portugal. A trama se passa no início do século XX , quando Luís Bernardo é chamado pelo rei Dom Carlos  e viu-se diante do desafio de abandonar a vida despreocupada que levava em Lisboa para ocupar o cargo de governador na Ilha de São Tomé. O desempenho das novas funções o envolve em uma rede de conflitos de interesse com a metrópole.

quinta-feira, 3 de fevereiro de 2011

Mistérios da Califórnia ...

 por Memélia Moreira

Polk County. Sim, nem nos mais insensatos momentos pensei em morar em Polk County, uma subdivisão administrativa da pequena cidade de Kissimmee (os brasileiros costumam dizer “Kiss Me”, mas a sílaba tônica é no “ssi”), cidade com nome indígena, carregada da história recente dos EUA, onde aconteceu uma das últimas batalhas entre índios e os temíveis “Blue Soldiers”, aquele exército vestido de azul que na falta de inimigo externo, devastava os povos indígenas dos Estados Unidos. O herói da batalha foi o chefe Osceola, que também virou nome de county.
Mas quando nos mudamos, não simpatizei com o nome. Se fosse “Polka County”, pensava, teria mais sentido pra mim, afinal de contas danço todos os rítmos e polka tem sabor daquilo que a nova geração chama de “vintage”. Mas Polk não me dizia nada, e ficava incomodada cada vez que via a placa indicando estar perto de casa


                                          Hoje

                                           Ontem
Inquieta por natureza,  fui folhear o Google. Folhear? Caramba! Sou antiga. Ou melhor, sou aquilo que a garotada chama de vintage. Não me chamem de "senior". Muito menos "pessoa da terceira idade". Se me disserem que estou "na melhor idade", chamo minhas tropas, subo nas tamancas e enquanto rodo a baiana, chuto o pau da barraca. Vintage, ok? Voltemos ao Google.
E Google, esse oráculo da era digital, me diz então que Polk, James Knox Polk, foi governador do Tennessee. Sim, e daí? Daí que foi no Tennessee (outro nome indígena) que nasceu o bluegrass.  Sem contar que Nashville que fica no Tennesseee, é a capital da country music. Comecei a ver Polk com menos preconceito.
(Aqui, um badalado exemplo do bluegrass, que é também um desafio de banjos)
Minha relação com Polk County passou então por uma sensível melhora. Google disse também que James Knox Polk, além de ter sido governador, deu nome ao Fort Knox, que guarda o "ouro de Moscou". Ih, me confundi. Não é o ouro de Moscou. É o ouro dos EUA.  Se é que ainda tem*.  E mais, Polk chegou a ser presidente dos Estados Unidos. Grandes coisas. Geoge W. Bush também conseguiu, pensei.


 James Knox Polk, décimo primeiro presidente americano (1845-49)
Leio e leio muito. Se estivesse escrevendo uma crônica erótica, diria que leio com volúpia. E, aproveito que moro aqui para ler a História do país. De preferência a ocupação do oeste, que tanto me fascina.
Sou apaixonada pelas histórias do oeste americano, pelos cowboys, os duelos. Uma paixão que vem de longe. Culpa de Hollywood, Alan Ladd, Lee Van Cleef, Roy Rogers. Culpa, principalmente, de Clint Eastwood, seu olhar gélido e a pontaria precisa. E nem toda uma vida dedicada à causa indígena foi suficiente para me posicionar contra John Wayne, um dos mitos da minha infância. E ele matava todos. Era Navajo, Sioux, Cheyenne, Comanches, Apaches. Não sobrava nenhum índio. Garanto que se ele fizesse o papel de General Custer, teria sobrevivido à batalha de Little Big Horn e teria matado Crazy Horse. Foi uma sorte danada Touro Sentado não ter cruzado com John Wayne.


Nessa leituras, encontrei "Blood and Thunder" um épico do oeste americano, como está escrito na capa. Quase não compro, exatamente por causa da capa. Brega. Parecia história em quadrinho de segunda categoria. Mas, o autor, Hampton Sides, é professor de História, formado pela Universidade de Yale. Bom, se é professor, merece meu respeito. Comprei. 
 O livro conta a história de Kit Carson, um mateiro que viveu no século XIX. Mateiros são profissionais que saem abrindo picadas na mata, para as frentes de expansão. Pessoas que jamais chegam à ribalta da História dos povos mas, sem eles, nenhum país se desenvolve. E muito menos assiste o tal  "espetáculo do crescimento".
Europeu e semi-analfabeto, Kit Carson é um dos principais responsáveis pelo mapa atual dos EUA. Sem ele, o país seria mais magro (e, quem sabe, a população americana dos séculos XX/XXI menos gorda). Mas Carson é apenas pretexto de Hampton Sides para contar sobre o assalto ao México promovido pelos Estados Unidos. Um assalto sem nenhum pudor. Grilagem de terra mesmo e que terminou acrescentando mais domínios ao país do gringos. E foi então que ele apareceu. 

 Kit Carson, o mateiro (derrubador de florestas)


Era lá pela página 30. Advinhem quem veio tomar café comigo na varanda enquanto eu lia? James K. Polk. De novo? O que é que esse cara quer comigo, me perguntei. Nadinha, claro. Afinal de contas, ele morreu em 1849, mortinho 98 anos antes de eu nascer.
O tal Polk então se revelou por inteiro. Ele era presidente dos EUA quando a Califórnia foi roubada do México. E quando a guerra entre os dois países se instaou ele foi logo dizendo ao presidente mexicano que "duela a quién duela" frase usada mais de século depois por um certo presidente brasileiro super colorido) a Califórnia seria mais uma estrela na bandeira dos Estados Unidos. E saíu armado com todo o arsenal disponível na época, matando homem, mulher, criança, quase todos índios. Era do Partido Democrata. Se fosse do republicano, não sobrava pedra sobre pedra no deserto de Mojave.
Polk queria porque queria a Califórnia. De quebra veio o Novo México. Ele também tomou Idaho e Oregon do Canadá. O que tinha de magro tinha de devastador e terminou virando nome de county. Jamais chegou a ser cidade e, muito menos, Estado. Bem feito!
Foi então que parei para refletir. Que mistério tem a Califórnia para ser o sonho do presidente Polk e provocar guerra no século XIX;  para ser a terra prometida das hordas de desempregados do crash de 1929, história soberbamente contada em "As Vinhas da Ira", de John Steinbeck; para ser odiada pelos puritanos, em particular e caretas, em geral, ao ponto de acreditarem ser aquela a Sodoma e Gomorra dos tempos modernos e, ao mesmo tempo o sonho da minha geração no final dos anos 60, quando popularizou os "Flower Children", que passaram à História sob o pseudônimo de "hippies"?  John Lennon ainda vivia enquanto Gilberto Gil decretava a alto e bom som que o sonho tinha acabado ("e quem não dormiu no sleeping-bag nem sequer sonhou").
O sonho californiano é tão forte que até virou nome de música. Ou será que já nos esquecemos dos The Mamas & Papas" com seu "California Dreamin".
Segue aí uma canja para os desmemoriados.
Dizem inclusive que se Caimmi, o Dorival, tivesse armado a rede numa praia de Malibu, onde Marilyn Monroe desfilava seu corpo de musa, teria escrito "O quê que a Califórnia tem" e não "O quê que a baiana tem". Não sei. Mas, por via das dúvidas, Carmén Miranda saíu cantando essa música pelos Estados Unidos afora, vestida de baiana. E sabem onde ela morava? Na Califórnia, claro. Mas como escapar da Califórnia? Jack Kerouak, por exemplo, seria apenas mais um canadense falando um francês do século XVII se, num momento de lúcida alucinação, não tivesse pegado o caminho da Califórnia. E nós jamais teríamos uma obra-prima chamada "On te Road". 
Foram tantas as perguntas que "Blood and Thunder" me provocaram.
Será que o fascínio da Califórnia é a "Falha de San Andreas", aquela  famosa formação geológica que uma dia, num terremoto qualquer vai descolar a Califórnia do continente americano transformando-a num verdadeira jangada de pedra (obrigada, Saramago)? Será o vale de Napa, com seu vinho cada dia mais aprimorado? Seus pêssegos dulcíssimos? Ou as luzes de Beverly Hills piscando em celulóide daquela eterna Hollywood onde todas as extravagâncias foram permitidas? Talvez as ondas do Pacífico que atraem surfistas e chineses antes com sedas, hoje com quinquilharias. Não sei.
Ao final das 402 páginas de "Blood and Thunder", depois de acompanhar Kit Carson que evitou Los Angeles porque o cavalo estava cansado e ele queria logo chegar a Santa Fé e beijar sua mulher a quem não via por 20 meses, não consegui sequer arranhar um dos segredos da Califórnia. Nem eu, nem o poderoso Arnold Schwarzenegger que saíu das telas para ser governador. Deixou o estado quebrado e, pela primeira vez, no final do filme, seu personagem não disse "I will be back baby". Ufa! Sorte nossa que gostamos da Califórnia.
Não sei qual o mistério daquele lugar. Mas, de repente, pego a estrada numa Harley Davidson ouvindo Lulu Santos.
P.S. Há mais de 40 anos ninguém consegue ver um lingote do Fort Knox. Até as visitas turísticas foram suspensas. Coincide com o tempo em que Goldfinger planejou assaltar o forte. ou seja, James Bond não deu conta do recado. Ah, Hollywood fica aqui bem perto. 

segunda-feira, 31 de janeiro de 2011

No Grão: música e azaração!

Por Clara Favilla

Por obra e graça da sempre musa do jornalismo brasiliense, Leda Flora Ramos, fui , em nome da Redação deste Blog, no final da tarde de ontem, domingo (30/01), ao No Grão Massas (comércio da QI 11 - Lago Norte, o que fica entre as duas pistas). Não para matar minha fome, mas pra conhecer mais uma roda de bambas do cavaquinho, violão, pandeiro e também sopros.


Leda é esta toda malandrinha ao meu lado, de azul e bijus, sem falar no copo de cerveja. As bebidas de No Grão são ótimas como em todo boteco que se preza. Geladas, no ponto. Mas depois das sete horas, acabam-se pastéis e salgadinhos e o que vem à mesa são pizzas daquelas bem assim mais ou menos.  Faça, como os  músicos,vá abastecido de biscoitinhos salgados e de uísque ou rum dos bons acomodadas naquelas garrafinhas achatadas de bolso que a gente vê em filmes americanos.


A maioria dos músicos é de gente aposentada que pode ficar por ali até altas horas nos sábados e também nos domingos.  Tocam e cantam em rodízio e há momentos que a a roda fica enorme, formada por vários grupos que costumam tocar em outros botecos da cidade.

Ontem estava assim: uma rodona. E rolou de tudo: de chorinho. bossa nova,  samba-canção. Quando sai tava rolando My Way. Sim, aquela imortalizada pelo The Voice, Frank Sinatra. E o público não é só de coroas não. A noite é mais dos jovens. Alguns/algumas coroas são bastante assanhados/as. E os jovens geralmente vão acompanhados.



Gente recomendo o programa. Me disseram que Pernambuco do Pandeiro, que acompanhou as andanças de Carmem Miranda e integrou o conjunto de Waldyr Azevedo, faz performances lá. Já perto dos 90 anos, chega acompanhado da filha e vai embora a um sinal de que está na hora de tomar os remédios.
Não faltou quem cantasse Nelson Gonçalves: A deusa da minha rua, Dilema e outras...
O organizador do espaço musical é Coqueiro (acima), dono de uma das primeiras oficinas mecânicas da cidade. Leda Flora informa que se mudou pra capital em 1961 e Coqueiro já era famoso com ferramentos e o querido instrumento.
Adoro cordas e percussão. Mas me estremeço com os metais. 
    - Coqueiro, faça o favor de apagar este cigarro!!! Agora!!!



Aqui, comigo, as grandes amigas e já fãs do Blog. Da esquerda para a direita: Leda Flora, Macao Goes (grande especialista em cultura popular) e Nira Foster.