por Clara Favilla
Quando criança, nunca tive gato ou cachorro que fosse meu. Os bichinhos nunca eram de alguém da família, mas de todos. Num tempo em que gatos eram banidos das cozinhas a vassouradas e cachorros a pontapés, nossos amigos de quatro patas, sempre vira-latas, eram tratados por nós com zelo e carinho.
Quando criança, cachorro fujão era envenenado pelo vizinho malvado. Só porque, só porque... havia acabado com as margaridas do jardim ou com as alfaces das horta... Ninhadas de gatos era colocados num saco e jogados no ribeirão.
Petité descansa depois de um final de gravidez estafante |
Mesmo com tanta violência contra animais no nosso entorno, eu meus irmãos aprendemos a amá-los com nosso pai, Dário; nosso avô Dante, e nossa Tia Lourdes. Meu pai adorava vira-latas. Quando menino tinha um chamado Dogue. Isso mesmo Dogue. Era tão grande que carregava meu pai mirradinho na garupa. Meu avô amava cavalos e ralhava com gente que lhes cortava o rabo. Como o pobrezinho espantaria as moscas das costas? E minha tia amava bichamos. Sempre os teve em casa. Vários, até morrer perto dos 80.
Quando eu era criança, moleques de rua, como se dizia, atacava cachorros a pedradas. Minha avó materna, Ina, enfrentava os vagabundos com a cara e a coragem. Depois cuidava do vira-lata ferido até que já de novo inteiro ele fugia do quintal. Que vira-latas são assim, mal agradecidos. Gostam de liberdade!
Ainda crianças, quando nos mudamos de Ouro Fino, sul de Minas, para Arapongas, Paraná, nosso pai nos presenteou com um vira-lata pequeno e traquinas chamado Banzé, como aquele da revistinha em quadrinhos. Em Brasília, tivemos a Dinga, quando morávamos em Taguatinga. Dinga morreu, ganhamos a Laica, uma vira-lata branquinha que, depois de crescida, sempre acompanhava meu pai em suas caminhadas noturnas pra comprar cigarros. Já morávamos no Plano Piloto. Laica, pra quem não sabe era o nome da cachorrinha russa, o primeiro ser vivo que lançada por um foguete ao espaço retornou sã e salva.
Os filhotinhos da nossa mascote não são uma fofura? |
Quando meu pai comprou um sítio, adotou o Tito, também vira-lata dos bonitos. O nome foi em homenagem ao Marechal Tito, herói da Resistência durante a II Guerra, inventor da Iugoslávia (aquele monte de povos que não se entendiam) e posteriormente ditador. Também homenageava o grande tribuno da Roma Antiga, Tito Lívio. Meu pai era assim, gente!
O apego foi tão forte entre eles, que Tito, o de quatro patas, chorou muito tempo a morte do meu pai . Sempre que chegávamos ao sítio, vendo que ele não estava mais conosco, Tito se recolhia embaixo do carro e ficava ali chorando baixinho. Era de partir o coração. Penalizada, minha irmã Vera levou-o pra fazenda dela, aqui mesmo no Distrito Federal, e lá ele passou o restante de seus dias.
Logo depois que me casei, o amigo jornalista Carlos Zarur nos deu de presente um amor de cachorrinho de pelo encaracolado, negrinho. Era tão fofo, querido e gostoso que meu então marido, o Zé Romildo, lhe deu o nome de Tempero. Mas o bichinho pegou uma virose e de nada adiantou nossos cuidados... Passamos dias e noites dando-lhe remédios direto na boca com um conta gotas. Idas e vindas a veterinário. Morreu comigo ao lado, durante a noite. Choramos tanto que os país do Zé vieram em nosso socorro. Afinal, diziam, era só um cachorrinho, não era um filho. Mas a gente não sabia explicar tanta dor de perdê-lo.
Passaram-se os anos, a Bebel nasceu e com ela vieram gatinhos para nossa casa. Uma delas foi a Joana Veluda. Sim, assim mesmo, porque a Bebel achava que veludo tinha feminino. Agora tenho comigo a Naná, uma vira-lata grandona e companheira. Fortona. Benza Deus!
Bem, vocês devem estar se perguntando a razão deste post. Não adivinharam? A razão é o nascimento dos filhotinhos da fofíssima Petité, a mascotinha da família @cafeveneno. Ela é a muito querida de sua dona, a Penha Saviatto, que costuma levá-la as nossas "reuniões de pauta", quando acontecem em casas e durante o dia. Um bichinho assim tão amado e amoroso só pode nos trazer boa sorte, não é mesmo?
Fiquei emocionada com o post. Lembrei de minha infância. Meu pai não queria cachorro. E eu sempre arranjava um por um tempo. Logo desaparecia. Acho que meu pai levava para o "sitio". Tivemos um chamado Sultão. O único. Nunca pasaeva na rua . Quando saiu foi atropelado e morto. Depois tive a Nina, uma poodle que foi gentilemente cedida para meus pais. Que foi paparicada por 15 anos. Partiu a Nina. Agora tenho uma alegria imensa vendo a Petité cuidadosa..amorosa..super mãe bacana. Estou feliz e divido com vocês minha felicidade:))Penha Saviatto
ResponderExcluirEmocionante mesmo. Lembrei de todos os cachorros e um gato que tive. Parabéns pela ninhada : )
ResponderExcluirRicardo
adorei. Lembrei-me de Banditi, cachorrinho que minha vó possuía e que sempre encontrávamos nas férias qdo íamos para a casa de meus avós e ddo homonimo 'banzé' que eu e meus irmãos tivemos. Amei o texto.
ResponderExcluirbjbjbbjj
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Como a Penha me lembrei da infância. Meu pai adorava bichos. Tive gato, cachorro, passarinhos, préas, tudo que tinha direito. Assim fiz com meus filhos que hoje possuem a viralata Black e o gatinho José.
ResponderExcluirClara, gostei muito da viagem ao passado.
Claro que fiquei emocionada com esse post "animal" lindo! Beijo para você, Clarinha!
ResponderExcluirParabens à Petité pelos lindos filhotinhos, à equipe do blog pelo belo trabalho e à autora pelo texto comovente. Amar os animais é uma lição que deveria ser ensinada a todas as crianças. Também tive cachorros e gatos, todos muito queridos. Só um reparo: a Laika morreu horas depois do lançamento do Sputnik. Ass: Filho ingrato (quem conhece a piada saberá o porque do 'nome'..rss)
ResponderExcluirAh. Não. Tenho que ler logo depois do anônimo? Bem, vou ficar morrendo de curiosidade até que alguém penalizado conte o segredo desse ser aí em cima... Bom, o post? Puro coração querido e generoso da Clara que nos brinda sempre com sua doçura e carinho no tratamento de nossas histórias. Parabéns Clara e parabéns Penha. Salut Petité! Que vivam os filhotinhos!
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