Por Penha Saviatto
Ouvi alguém dizer e seguramente não sei onde que a profissão tem muito a ver com o nosso jeito de ser. Sou jornalista, mas também queria ser policial. Pode? Na minha vida pode tudo. Inclusive me dou ao luxo de ter uma audição em 4D. Consigo escutar e entender tudo pelos quatro cantos. Uma Mata Hari “tupiniquim”. Lindo, isso.
Minha versão Mata-Hari: sempre na escuta! |
Numa de minhas caminhadas escutei uma moça de 40 anos conversando baixinho com outra mulher sobre o fim do seu romance. Ela enumerava uma série de defeitos do homem que tanto a fazia sofrer. Se o doutor Moisés Lemos estivesse escutando diria: “Que coisadas!”
Com uma figura dessas, pra que sofrer? |
Meu instinto selvagem começou a funcionar, ou melhor, a imaginar a história desde o início. O homem em questão deve ter sido aquele que na hora que ela estava na pior apareceu. É o tal crocodilo que vira boia. Egoísta, desorganizado, feio, pouco ativo nas coisas do sexo, sem imaginação , um machista em potencial. Só de enumerar me cansei. E ela ali choramingando com sua amiga. Eu logo atrás diminuo o passo para poder chegar ao fim da estória. Pensei cá com meus botões, se tenho que caminhar e isso me faz bem, vou até o fim.
Lá pelas tantas a amiga começou a dar umas dicas: "Seja egoísta amiga. Você é muito bonita para esse sujeito; seus pais que não iam com a cara dele vão adorar e poderão te visitar muitas vezes; e com certeza, com essa figura você logo, logo arruma outro". A figura era co tipo 90:60:90.
Eu quase, quase me meti na conversa. Uma luz vermelha me deu aquele freio e preferi seguir escutando. Incorporei Freud, Lacan, Jung e todo o bloco “Nós que te analisamos tanto”. Como que alguém pode sofrer com a perda de uma coisa que não serve?
Em companhia de Freud. Jung e Lacan foram ao banheiro |
Claro que sofre. E o tanto que somos possessivas? Aposto que se ela tivesse entrado com o pé e ele com a bunda a moça já estaria serelepe pelas ruas e avenidas. Basta inverter a coisa. Então minha sugestão para as divas é que ao perceber o barco está afundando não agarre o crocodilo, meta o pé na bunda do marujo que já passou do tempo e vá para a vida.
Nunca é tarde demais pra fazer a coisa certa! |
Tome iniciativa e comece aquela técnica do desapego, que tanto você gostaria de praticar. Melhor desapego é se livrar de pessoas que são negativas, são tristes, são egoístas e mesquinhas . Nesse meio tempo as duas se despedem e eu coçando para falar isso. Resolvi escrever. Quem sabe ela é do Twitter ou até leia o post aqui no blog.
Excelente. Adorei o passeio freudiano. Nele você levou todos que gostamos. Lacan, Jung...delícia. Continue a levar a vida assim que dá certo. Como você, tenho um ouvido terrível. Ah, as mulheres analisadas, sensacionais.
ResponderExcluirfreud explica... Explica?
ResponderExcluirTb tenho o ouvido comprido hehehe. Adorei o texto Penha.
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"É o tal crocodilo que vira boia". Sensacional, Penha!!
ResponderExcluirTambém tenho um ouvido mega afiado pra escutar a conversa dos outros, e também tenho síndrome de psicóloga, acho que posso analisar tudo!
Beijão!
Muito bom, Penha.
ResponderExcluirTambém sou desse bloco "Nós que te analisamos tanto". Pelos depoimentos de "bons ouvidos", parece que todas nós somos.
Ah, amei o "crocodilo que vira boia".
Este comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluirAdorei o post. Um ensinamento gostoso de se ler... Parabéns!
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