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terça-feira, 13 de dezembro de 2011

La Peau Douce ... Nas asas da Panair

 por Clara Favilla

É início de tarde, terça-feira, 13 de dezembro. Míriam Leitão lembrou no twitter que há 43 anos, nesse mesmo dia, militares e ministros civis como Antonio Delfim Neto, assinaram o Ato Institucional número 05 (AI 5), declarando o fim do Estado de Direito no Brasil. Eu tinha 18 anos. Só dois anos depois eu estudaria na Universidade e Brasília 


Tenho muito o que fazer ultimamente e de dez coisas, acabo fazendo, por dia, duas de uma lista já em decomposição, Outras simplesmente vão acontecendo, aumentando a lista de pendências. Na lista de coisas chatas: contas a pagar, e-mails importantes não respondidos,  um trabalho de edição a finalizar e o pior: entrar no site da Receita e parcelar impostos em atraso. 

Também tem o trabalho de arrumação do escritório em andamento. Resolvi encaminhar para a reciclagem centenas de revistas que colecionei nos últimos anos. Ocuparam duas grandes caixas de papelão. Uma já foi despachada. Outra está no ponto de ser fechada. Todo trabalho pesado emocionalmente, e o de me organizar certamente é um deles, me (nos) deixa à beira de uma ataque de nervos. E foi assim que passei a manhã. Me livrando de parte do conteúdo das minhas estantes.


Cansada, resolvi dar uma parada depois do almoço.  Liguei a TV e um filme começava. Em preto e branco. Telecine Cult. E fui aos poucos reconhecendo aquela  história, que de início, me pareceu banal. A de um homem casado que numa viagem de trabalho se encanta por uma aeromoça. Prestava atenção com meus olhos de jornalistas e já fazendo reportagem. Começaria assim: É possível se reconhecer,  em filmes antigos, a Paris de hoje. Uma das  cenas se passa exatamente em determinado ângulo da Place de la Bastille. Depois aparece um aeroporto, o de Orly, o mais importante de Paris na época. O estacionamento em frente, está cheio de vagas. Impossível um filme atual em que o personagem chega e estaciona tranquilamente bem em frente à área de embarque. O avião é da Panair do Brasil.

Levei um susto imenso nas asas da Panair
Descobri que as coisas mudam 
e que tudo é pequeno nas asas da Panair
A primeira Coca- Cola foi me lembro bem agora
Nas asas da Panair
A maior das maravilhas foi voando sobre o mundo
nas asas da Panair


Logo em seguida, paro de fazer reportagem. Mergulho mais profundamente na sequência de imagens. Acontecem em um ritmo mais lento. Me parecem tão belas, tão íntimas, tão ternas que, de repente, eu estava de celular em punho fotografando a tela da TV. 

Qual o espanto?  É um filme de Truffaut (1964). Naquele ano, eu estava concluindo o Ensino Fundamental. Amaria Truffaut só anos mais tarde. E até hoje seus filmes me levam, invariavelmente, às lágrimas.  Chorei de soluçar, enquanto almoçava em um restaurante de Brasília, e uma amiga resolveu me contar a história de 'A mulher ao Lado', lançado em 1981. Já estávamos em 1984 e  eu não o havia assistido. A expressão "Nem juntos, nem separados", define o filme que acaba em tragédia.
 
Não vou escrever sobre o filme  de hoje, La Peau Douce.  Achei, via Google, o texto que vai abaixo no site http://cineweb.com.br . É de Neusa Barbosa. Tem muitas informações sobre o filme e sobre o processo criativo de Truffaut.

"Uma única cena define o espírito de Um Só Pecado: um homem casado, de meia-idade (Jean Desailly), tira as meias de sua jovem amante (Françoise Dorléac), acariciando suavemente sua pele doce, remetendo ao nome original francês (La Peau Douce). Esta seqüência, ao mesmo tempo de um erotismo e de uma delicadeza raras, revela melhor do que nenhuma outra a força do desejo que move a história.
François Truffaut, o diretor e roteirista, sabia bem do que estava falando. Afinal, este seu quinto filme era altamente autobiográfico, como praticamente todos os demais, aliás. Vivia uma crise em seu casamento, tinha tido um caso com uma aeromoça e, como o protagonista, saíra para comprar meias de seda para a amante. Cenas da vida do casal em crise foram filmadas no próprio apartamento em que Truffaut morava com a mulher, Madeleine, e suas duas filhas, em Paris.

Um Só Pecado é a autópsia do casal, um filme incrivelmente deprimente, sem saída, sem solução", definiu ele numa citação de sua esplêndida biografia, François Truffaut, escrita por Antoine de Baecque e Serge Toubiana. Nada mais exato do que essa descrição: pouco depois da estréia do filme, que concorreu no Festival de Cannes em 64 e foi mal recebido pela crítica francesa, ele e a mulher divorciaram-se. Um Só Pecado é, portanto, retrato de uma intimidade que Truffaut não hesitou em dividir com o público, da mesma forma que expôs os traumas de sua adolescência complicada na série de filmes com o personagem Antoine Doinel (Jean-Pierre Léaud, que aqui funciona como seu assistente de direção).

Visto apressadamente, o filme pode parecer um retrato banal da crise de um casamento. A primeira armadilha, no caso, é deixar-se enganar por essa aparente simplicidade. O diretor fez aqui o que sabia melhor - traçou um painel intenso dos sentimentos humanos, com uma impecável economia de imagens e palavras. Nada sobra, nada falta nas obras desse cineasta, um esteta que dominava o segredo de não enfadar o público nunca estendendo-se além da medida.

O marido da história é Pierre Lachenay (o ator de teatro Jean Desailly), diretor de uma pequena mas prestigiada revista literária. Casado com Franca (Nelly Benedetti), tem uma filha pequena, Sabine (Sabine Haudepin, vista em outro filme do diretor, Jules e Jim). Com uma vida tranqüila, acomodada, Lachenay viaja bastante, realizando conferências. Numa delas, conhece uma jovem aeromoça, Nicole (Françoise Dorléac, bela e talentosa irmã mais velha de Catherine Deneuve, que morreu num acidente em 1967, aos 25 anos).

A partir desse encontro, tudo na vida do jornalista é turbilhão. Lachenay vive afobado, correndo, mentindo para encontrar a jovem, que também leva uma vida itinerante. As diferenças entre os dois serão expostas numa viagem a Reims, onde ele deve fazer uma conferência, e ela o acompanha. Os planos dele, de desembaraçar-se rapidamente do compromisso profissional para ficar com a moça, são desafiados por uma extensa agenda social, armada por um colega de juventude (Daniel Ceccaldi), disposto a impressionar a sonolenta sociedade provinciana às custas do visitante. Colocada na posição clandestina de amante que deve esconder-se, a moça ameaça ir embora.

Outro segredo de Truffaut ao contar esse tipo de história é jamais resvalar para qualquer sinal de vulgaridade, nunca aumentando a temperatura das emoções mais do que precisa para descrever uma situação. Assim, mesmo uma personagem exacerbada como a mulher traída nunca perde a estatura humana, por mais radical que seja a solução que ela encontra para seu próprio drama.


Além de sua própria biografia, Truffaut também gostava de colecionar recortes de jornal, impregnando ainda mais de realidade os seus roteiros. Aqui, recheou a história com detalhes tirados de dois famosos crimes pós-adultério, o caso Jaccoud, ocorrido em Genebra nos anos 50, e o caso de Nicole Gérard, na França, em 63 - de onde ele tirou a situação no restaurante com o fuzil de caça.

Outra curiosidade está no próprio nome do protagonista, Lachenay, que era o sobrenome do melhor amigo do diretor na vida real, Robert Lachenay, que apresentou Truffaut à obra de Balzac, objeto da primeira conferência do personagem no filme.

Dizer que já não se fazem mais cineastas como François Truffaut pode parecer saudosismo, mas é a mais pura verdade. E, como a maioria de seus filmes sequer existe em vídeo, muitos fãs mais jovens de cinema nem mesmo têm a oportunidade de conhecê-lo, fora das mostras e relançamentos especiais, como é o caso deste, e que deve ser ainda mais comemorado por ser em cópia nova.

quinta-feira, 14 de julho de 2011

Um cachorro chamado Capim...

por Clara e Lulu Favilla

Pense num cão feio. Pensou? Errou se ele não se chama Capim e não mora perto de um viveiro de plantas, em Brasília.



Tem esse nome porque foi achado num capinzal pelo meu irmão Dário, pai dos meus sobrinhos Victor e Luísa, a Lulu.  Esses meus sobrinhos, como o pai e o avô, que também se chamava Dário, se especializaram neste mundo na paixão por cães feios e abandonados ou quase abandonados.




O Capim foi achado quase morto de fome e sede, cheio de carrapatos. Meu irmão  providenciou-lhe banho com direito à tosa, que lhe deu limpeza, mas não lhe acrescentou qualquer beleza.  Antes do Capim , a família havia adotado a Pitucha, também vira-lata, nascida na  fazenda da minha irmã Vera. Pitucha, coitadinha, morreu por excesso de cuidados.

Apareceu  manquitolando. Foi levada ao veterinário que identificou algum tipo de problema na perna e recomendou cirurgia. Não resistiu à anestesia. Olha que falta de sorte! Se fosse menos cuidada, poderia estar viva até hoje, arrastando a pernoca. A morte da Pitucha foi traumática. Dias de chorororô inconsolável por parte da família dos Dan Favilla.


Capim e Victor

Aí apareceu o Capim. Depois de limpo e livre de parasitas foi levado pro apartamento, onde não se acostumou à vida de rei. É avesso a qualquer  etiqueta, mesmo as mais básicas, ensinadas por professor/treinador pago.

O jeito foi levá-lo para uma casa perto do viveiro de plantas da família, na saída norte da cidade, direção Sobradinho.  Lá tem um canil espaçoso. Bom, porque o Capim  só pode ser solto quando meu irmão está por perto de tanto que apronta. Meu irmão é o único ser dito humano que ele respeita.

Olha só a última que aprontou, segundo relato da Lulu:

Capim o cachorro ladrão

Em mais uma de suas  peripécias, Capim foi pego em flagrante com um bife, de origem desconhecida, na boca. Soubemos que o bife era de dona Francisca e estava salgando no sol. Então, Capim pulou, abocanhou o bife mais carnudo e fugiu para o canil. Quando meu pai foi tirar o bife da boca de Capim, o safado engoliu de uma vez. Como castigo ele foi PRESO no canil.

Aguardem novas proezas desse cãozinho danado. Aqui neste mesmo DogCanal.

sexta-feira, 8 de julho de 2011

Escondidinho de pato feliz...

por Clara Favilla

Ontem, eu, Leda Flora, Nira Foster Penha Saviatto, Lulu Favilla e, pelo menos, outras 70 pessoas, nos deliciamos com caldinho de milho verde, escondidinho de pato, salada de folhas crocantes. Para arrematar, frutas flambadas com sorvete de creme. Tudo isso, incluindo suco de abacaxi, dos grandes e sem espuma, saiu por menos de R$ 40 por pessoa, incluindo os dez por cento do serviço. Tivemos a alegria e a sorte de participar do evento Slow Food Cerrado de Julho, no restaurante Panelinha, que fica na 316 Norte. 


Clara e Lulu Favilla
Os produtos que fizeram parte do cardápio vieram do sítio de  Rosângela Piovizani e seu marido Clair , no Núcleo Rural Samambaia.. As verduras são cultivadas sem agrotóxicos e os patos, criados soltos e, segundo os proprietários, felizes. Pelo menos até terem os pescocinhos destroncados ou decepados. Não perguntei como tratam do pato, momentos antes de chegar  à  panela. Mas posso dizer  que o escondidinho estava simplesmente uma delícia. E até a Lulu, muito chegada a um hamburguer e batatas fritas comeu quase tudinho.




Prestem atenção na Biojóia do Pará, que Leda Flora está usando.
Simplesmente lindo. Chique no último.

Nira, Leda e Penha

Isabel Freitas foi a chef Slow Food da vez. Para saber mais sobre este jeito de cozinhar e ter acesso a alimentos, leia o post anterior, assinado pela Leda Flora. A equipe  do Panelinha.  deu o suporte necessário a Chef e, no final, todos foram mereciamente aplaudidos. Para quem ficou com peninha do pato, havia a opção vegetariana: lasanha de abobrinha, com molho de tomate e queijo.

quarta-feira, 29 de junho de 2011

Na Flórida, o Museu Salvador Dali... Imperdível para quem está em Orlando

 Por Clara Favilla
A terra do Tio Sam,  os Estados Unidos, é a mais xingada do Planeta, não é mesmo? Muito dessa xingação deve-se, cada vez me convenço mais disso, ao nosso desconhecimento sobre esse gigantesco, diverso e complexo país e do peso que tem no mundo.  E também porque do que nos chega de lá, a maior parte é lixo na forma de entretenimento (basta se analisar a grade dos canais pagos), igrejas evangélicas preocupadas com exorcismos e dízimos, além do fast-food.

Meu pai, que  faleceu em 1993, sem ver milagres tecnológicos como a internet, por exemplo, tinha consciência disso. Para ele, o mais despretencioso dos filmes americanos era sempre superior, em termos técnicos e performances artísticas que qualquer produção nacional. Ai tem quem diga que com muito dinheiro tudo fica melhor mesmo. Que dinheiro, como já disse Nelson Rodrigues, compra até amor verdadeiro. Mas sou cética com respeito ao tal nosso cinema, seja qual for o orçamento envolvido. Diretor brasileiro não quer fazer filme, mas revolução. Escritor brasileiro não se permite contar uma história, quer criar uma nova linguagem. 

Assista-se um filme protoganizado por Julia Roberts, desses românticos e contabilize o esforço físico, artístico e financeiro da produção.  E os filmes de Stallone? Abstraia da história e concentre-se nos cenários. Fabulosos. Alguns tão fortes e rico de detalhes que me fazem lembrar o Juízo Final de Michelangelo que cobre uma grande parede da capela Sistina,Vaticano. Não não riam, por favor. Estou falando sério.



As escadarias apaixonantes lembram a fascinação de Dali pela representação do DNA
Uma amiga viajou pelos Estados Unidos, aquelas tais viagens costa a costa e voltou maravilhada com tudo de bom e belo que encontrou pelo caminho, inclusive preciosos  museus de Arte Moderna. Sem falar, os que os que abrigam coleções de Impressionistas e  de Fauvistas, seus predecessores.  Faço aqui uma  digressão:  quantos dos que me lêem, estando em Nova York, foram ao MOMA  ou ao Metropolitam?

Muitos dos que não foram, certamente atravessaram a ponte e perderam um dia interiro naquele Outlet de New Jersey. Longe pra caramba. Não, eu não conheço esse Outlet. Registro aqui  que fiz uma única viagem e a trabalho aos Estados Unidos. Estive em Nova York e Washington. Sim,  em NY fui ao Moma e ao Metropolitam, nas horas livres que me restaram. Um amigo, nas poucas horas de folga de uma viagem de trabalho a Washington, visitou a lindíssima Biblioteca do Congresso.

E quem, estando em Orlando, foi até Saint Petersburg   ? (Deixe a preguiça de lado e clique à esquerda para saber mais) É uma cidade  lindinha de 300 mil habitantes, um pouco menos que Tampa, que também fica na Flórida. Em uma hora, no máximo, se chega a Saint Pete, vindo de Orlando, que todo mundo conhece de olhos ou de ouvidos por causa de seus parques temáticos e os brinquedos da Disneyworld. Tampa fica mais lonjinha, duas horas.

Quem botou  no meu mapa Saint Pete, como é chamada pelos americanos, foi a amiga Memélia (@memeliamoreira) que mora em Kissimmee também nas redondezas de Orlando. Ela me disse que vai a Tampa e que aproveitará para conhecer o Museu Salvador Dali que fica em... fica em... Saint Pete.

Outra pergunta: quem foi a Orlando, neste primeiro semestre do ano, ou ainda vai,  com ou sem filhos  colocou esse Museu no roteiro?  Poucos, acho. Afinal,  Outlets são bem mais "compensadores". Malas que  vão vazias e voltam cheias pagam a passagem em eletrônicos, roupas e tênis a preços irresistíveis. Por isso,  fico longe de Outlets. Não quero gastar o que não tenho (rs). E além disso, se compramos só porque está baratíssimo já pagamos muito caro. Pagamos mais caro ainda se compramos o que, de fato, nem  precisamos. Um Real aplicado no dispensável é o dinheiro mais desperdiçado do mundo diz um amigo.

Pois bem, outro mito que um professor meu gostava de atacar é que os americanos são super individualista. Segundo ele, que morou  nos Estados Unidos, Europa e Ásia, poucos povos  como o americano tem senso de coletivo, de comunidade tão grande! O círculo social da maioria dos americanos se dá  no âmbito da Igreja que frequentam. Nos Estados Unidos, o voluntariado é bastante desenvolvido. Não conheço por aqui ninguém que reserva algumas horas de  um dia da  semana para contar histórias para crianças numa escola ou  biblioteca comunitária. Memélia que mora em Kissimmee faz isso.

Para  a maioria dos brasileiros, o social limita-se ao círculo familiar. Se pode fazer uma doação ou empregar, principalmente quando o salário do contratado não lhe sai do próprio bolso, procura logo uma parente. Herança portuguesa, bem esclarecida no livro Raízes do Brasil, de Sérgio Buarque de Holanda.

O americano, quando enriquece,  aporta recursos para a Universidade onde estudou.  Quando morre, doa parte do patrimônio para instituições as mais variadas. Inclua no rol aquela que pesquisa a cura do câncer e também aquela que busca vida em outros planetas.



A fachada do Museu foi inspirada em elemntos deste quadro

O Museu Salvador Dali  foi  criado a partir da coleção da milionária Eleanor Reese Morse e seu último marido A. Reynolds Morse. Foi em Sain Pete que ela morreu, em casa, aos 96 anos, em julho de 2010. O Museu foi inaugurado em janeiro de 2011. "Nosso" Abaporu, de Tarsila do Amaral, marco do Modernismo, no Brasil, mora hoje na Argentina.

segunda-feira, 27 de junho de 2011

Paris de Wood Allen e o deserto de Bertolucci, espaços de miragens

por Clara Favilla

Depois de assistir e ruminar sobre Meia-noite em Paris de Wood Allen, não consegui deixar de estabelecer paralelos com um dos filmes que mais amo e que não me canso de rever: O céu  que nos protege, de Bertolucci. Alguns rirão do que estou dizendo. Mas, acompanhem meu raciocínio. Não é tão louco assim!

Nos dois filmes estamos falando de viagem não é mesmo? Viagem pelo mundo físico, para dentro de nós mesmos, de nossas fantasias, do nosso imaginário que só é importante  nos contatos possíveis com o imaginário dos nossos semelhantes, esses seres que coabitam o Planeta Terra, tão desconhecido  quanto o universo que nos rodeia. Se há mesmo um universo nos rodeando...


Pode ser tudo uma ilusão de ótica! Me perco em leituras sobre o universo: origem, formação e futuro. Uns dizem que é infinito. outros que é muito, muito menor do que imaginamos; que as bilhões de galáxias são apenas projeções infinitas sobre a tela do espaço/tempo que podemos perceber a partir das limitadas habilidades que temos e dos instrumentos que contruímos.

A Ciência não é afirmativa. Afirmações pertencem ao terreno da Fé. Aí são outros quinhentos. Em questão de fé, sou uma nulidade. Dizem que há um gene específico  que define as pessoas como crédulas (no bom sentido) ou em eterna dúvida.  Pertenço ao segundo grupo. Lamentavelmente. Admiro as pessoas de Fé. 

Mas tenho um ponto a meu favor, acho. Entendo que a transcedência  para o que for além do que somos aqui neste mundo, não se faz sobre ou sob as asas da Fé. Só desapego. Epa! tem gente que acha mais difícil desapegar-se do que ter fé no Juízo Final, Ressurreição dos Mortos, na Vida Eterna, Amém.  Então deixemos essas considerações para lá. Voltemos aos filmes.




Paris e o deserto são mitos. São espaços de miragens. Por isso, o paraleo entre o filme de Wood Allen e o de Bertolucci.  E em espaços assim, somos outra pessoa. Falamos diferente. Nos comunicamos diferente conosco e com quem nos é próximo ou distante. Perdemos referências e ganhamos outras.

Digo que viajar é se permitir um estado alterado de consciência que se dá como magia, sem qualquer aditivo: alcool ou qualquer outra droga. Não falo aqui de quem viaja com malas vazias e fazem roteiros de compras. Nada contra. Apenas não tenho tempo para isso quando viajo. E vou ser bem sincera: nem dinheiro.

Geralmente nem volto com a mesma mala da ida, mas com uma menor.E na bagagem de mão algum tesouro: um desenho, uma pequena escultura... Quando a viagem é longa, vou deixando roupas e sapatos pelo caminho. O sapato mais confortável do mundo pode machucar se você anda dez horas por dia. Melhor  trocar de modelo de vez em quando.  Se estamos no verão, é mais barato comprar uma camiseta nova do que mandar lavar a suja.

Viagens são assim. Despimos literal e metaforicamente do que somos. Nos transformamos. Não se preocupem, a rotina depois  nos endurecerá de novo. A não ser que estejamos sempre em movimento, mesmo  quando catatônicos, engessados pelas dificuldades diárias. Afinal, não é preciso de trem, ônibus, avião, de andar ou "fumar" pra se viajar.

Bem, o post está enorme e não fiz os paralelos que pretendia entre os filmes de Allen e do Bertolucci. Posso voltar ao assunto. Mas quero terminar lembrando Cervantes: A vida é o que se vive acordado ou o que se vive em sonho? O que é estar desperto? Ou que estar em estado de sonho?  Aí a chave dos dois filmes.

quinta-feira, 23 de junho de 2011

Somos os lugares que habitamos, as viagens que fazemos, as pessoas que amamos...

por Clara Favilla

Há limites para a beleza de uma mulher? Se existem, no caso de Ava Gardner, foram quebrados. Viajei pelos olhos felinos de Ava, em A condessa descalça , que passou  na noite desta quinta-feira, no TelecineCult. 




Viajei tanto que a vi nadando nua, iluminada pela lua, na casa de Hemingway, em Cuba. Diz a lenda que ela e o escritor tiveram um romance. Casamentos, Ava teve três. Todos breves.  O primeiro com Mickey Rooney. Sim aquele ator feio e baixinho. Depois com um músico - clarinetista - Artie Shaw, que quis fazer dela  uma pessoa  culta como Arthur Müller, o teatrólogo, quis fazer com La Monroe. Por último, casou-se com Fank Sinatra.

Além desses três casamentos, Ava teve um logo caso - dez anos -  com aquele estranho bilionário doublê de aviador e agente secreto, Howard Hughes, acometido de esquisitices compulsivas obsessivas como as de lavar as mãos até sangrarem.  Teve também caso com um toureiro famoso, Luis Dominguin. Morreu em Londres, 1990. Não teve filhos.

Dizem que A condessa descalça é quase uma biografia de Ava, que nasceu de uma família paupérrima. Só chegou a Hollywood porque seu tio, um fotógrafo, colocou na vitrine de sua loja, em Nova York,  fotos da garota. Alguém de um estúdio fotográfico famoso passou por ali, viu as fotos e o resto é história. O primeiro salário de Ava foi de 50 dólares semanias.O poeta Jean Cocteau, em referência aos olhos felinos da atriz, a definiu como "o animal mais belo do mundo".

No filme, a protagonista, Maria Vargas, dança em um cabaré de Madri, mas não se socializa com os clientes nem por dinheiro. Faz suas próprias regras. Quando criança, foi explorada pela mãe que a fazia dançar pelas ruas por uns trocados dos transeuntes. Assediada por um produtor americano a procura de um novo rosto para apostar, acaba se mudando pros Estados Unidos. Sua vida amorosa é um mistério. Não se entrega a homem algum, mas tem casos secretos. Como Ava, a mãe de Maria morre quando seu primeiro trabalho é lançado.



O filme é interessante ao tentar decifrar o mistério de uma mulher a partir de vários pontos de vistas masculinos. É inovador na concepção, ao fazer a história voltar de acordo com quem a está narrando. É também interessante por começar pelo fim: o enterro da protagonista, que só se sentia segura em vida, quando descalça com os pés em contato com a terra, a sujeira. Morta, todo o seu corpo, barro que é, à terra retornará.

No filme, há a mobilidade psicológica representada pelos vários pontos de vistas que  sequer chegam a arranhar o mistério da protagonista. E também a mobilidade física: a história acontece em  locais diferentes: Hollywood, Madri, Nice, Mônaco e a Villa do Conde Vincenzo Torlato-Favrini (Rossano Brazzi) que se casou com Maria. Daí o título de condessa que vai pro epitáfio da protagonista. A escultura de mármore, para a qual a condessa posou descalça, viaja da Villa onde viveu seu conto de fadas e tragédia para o cemitério. Ali, sua beleza que seria efêmera se continuasse viva, continuará reinando como arte.

Bem, enquanto via o filme meu pensamento descambou para analogias bastantes apropriadas e outras bem viajandonas. Maria gostava de andar descalça, um jeito poetico de se começar a ver, imaginar uma mulher nua. Ava gostava de nadar nua. Não só de nadar, mas de andar nua pela casa e pelos jardins da casa de Hemingway, que conheci quando estive em Cuba, em 1996, com minhas amigas, também jornalistas, Rosalva Nunes e Liliana Lavoratti. Enquanto eu via a Villa do nobre italiano, no filme,  também me via andando pelos jardins da casa de Hemingway.

Em certos momentos, eu não não só via o filme como  produzia mentalmente um outro com tudo o que eu sabia do escritor e da atriz. Somos os lugares que habitamos, que conhecemos, que  visitamos  acordados e revisitamos em sonhos. Somos as viagens que fazemos. Somos as pessoas que amamos.

Em Madri, Maria era uma dançarina. Em Hollywood, uma atriz. Em Mônaco, uma mulher frívola e ladra. Na Villa de seu  problemático marido, que lhe apareceu tal o princípe de um conto de fada: uma condessa.  Ava, a atriz,  movimentou-se entre cenários reais e fictícios e amou homens dos mais diferentes ofícios: ator, músico, escritor, aviador/agente secreto, toureiro.

Hemingwy era jornalista. Cobriu a guerra civil espanhola e escreveu Por quem os sinos dobram. Depois, de viver na cidade dos cabarés e cafés escreveu Paris é uma festa. Em Havana, escreveu O velho e o Mar. Morou em Cuba por mais de duas décadas e só deixou a ilha em 1960, depois que Fidel assumiu o poder, por pressão, dizem, do governo americano.

A casa de Hemingway eu já conheço. Vou agora procurar a Villa do Conde Torlato-Favrini .No filme, é dito, que fica perto de Rapallo, uma cidade litorânea. Eu conheço Rapallo. Não custa tentar. Mesmo que a Villa do filme tenha sido um cenário pintado, a real certamente estará por lá. Ou melhor, várias delas.

 Em Paris fui andar por Passy, onde encontra-se o prédio do apartamento, aquele do Ultimo Tango, o de Bertolucci com Marlon Brando. Fui de metrô, pela estação de Cambronne. Neste trecho, o metrô é aéreo. Passa sobre e não sob o Sena. À direita de quem vai em direção ao Trocadero, La Eiffel. Voltei a pé. Quando passava pela Pont de Bir-Hakeim,  fui perseguida por um negão de terno claro, chapéu Panamá  e inacreditáveis sapatos ... vermelhos. Tive que correr e, para despistá-lo, refugiei-me num restaurante. Mas esse já é outra filme, outra história... Outro devaneio.

segunda-feira, 20 de junho de 2011

Há mais mistérios numa salada de tomates do que supõe nossa vã filosofia...

Por Clara Favilla

Tem coisa mais trivial do que salada de tomates? Ela é o mais frequente acompanhamento do nosso arroz/feijão de todos os dias. Mas, lamento se você não tem aquela salada de tomates predileta, aquela inesquecível, onde o fruto (trata-se sim de um fruto), reine soberano, sem rival, entre os alimentos crus de nossa mesa.

A melhor salada de tomates de Brasília, quição do Brasil e do mundo

A minha salada de tomates inesquecível é a da minha madrinha Nair, uma das irmãs mais velhas de minha irmã. Nascida e criada em Ouro Fino, sul de Minas, vive hoje rodeada por filhos, noras, um genro, netos e bisnetos, em Itaúna, bem pertinho de Belo Horizonte.

Na salada da madrinha Nair os tomates estão mais para maduros do que para verdes e são enfeitados por algumas rodelas de cebolas. O tempero nem azeite leva, mas óleo mesmo desses de soja. Sei lá o que ela faz. Acho que ela tem um pózinho mágico que misturado ao sal e à pimenta-do-reino  dá sabor especial à modesta salada que faz. Melhor ainda se servida com arroz acabado de sair da panela de pedra e um ovinho estrelado de gema molinha no centro e quase durinha nas beiras, a clara levemente totasdinha por baixo.

O bônus do almoço no Bar do Sílvio foi o reencontro com o casal Márcia Lorenzatto e César Borges,  companheiros de profissão e amigos de longa data. A foto foi feita no Dona Lenha da 413 Norte, onde o  Badu nos levou, depois do almoço, para um delicioso café.
                                                       
Eu já dei muitas e muita voltas inteiras e meias  pelo país dos pomodoros, a Itália. Mas nem na Toscana, nem na Sicília, Umbria ou Calábria encontrei salada de tomates como a da madrinha Nair. Na Grécia, as que comi quase chegaram lá.

Mas como não há reinado que sempre dure, no sábado, a convite da amiga Penha Saviatto fui ao Bar do Silvio, um boteco, na 104 Norte,  que lhe foi apresentado por Eduardo Badu. E não é que lá encontrei uma salada que considerei ligeiramente superior a da minha madrinha? Badu diz que é a melhor de Brasília. Eu digo que tende a ser a melhor do mundo, pelo menos do meu mundo conhecido.


Badu e Penha: Efeito café do grão especial Cofee Lab. No Dona Lenha ele é servido com uma palito de cana-de-açucar que `funciona como colher e lhe sabor extra. 

No almoço, dividi um bife de fígado com a amiga Penha. Gente, igualzinho aos a minha infãncia feitos pela milnha avó ou minha mãe: selado na face e contraface e tenro por dentro. Dizem que a rabada do Bar do Sílvio também é de se comer rezando. Tô doida para experimentar.

Não vou entrar em mais detalhes porque o Badu prometeu um post para este blog sobre a alta gastronomia de boteco, disponível em Brasília. Aguardemos!

sexta-feira, 17 de junho de 2011

Não assistiu Thor na telona? Perdeu.

Fui ver Thor no "escuro". Nem sabia que era a última sessão do seu último dia de exibição na telona. Agora, caros, só na telinha da tua casa.  Chegar ao cinema já foi uma aventura porque quem prometeu me levar lembrou-se da promessa em cima da hora. Não vou ao cinema sozinha nem que a vaca tussa. Me sinto desconfortável, abandonada.


Thor, o deus do trovão, por Mårten Eskil.

E, como sempre acontece,  quando estamos com pressa, não conseguia, ao sair de casa, achar a chave do portão principal. E o portão menor é desses com trinco de cadeado. Coisa antiga essa em! Fui penteando os cabelos molhados pelo banho de três minutos, durante o percurso de carro.

Pensa que achamos vaga logo ao chegar no Pier 21? Claro que não! Ficamos numa fila para entrar no estacionamento. Na nossa vez, o moço que cuida do fluxo de carros impediu a entrada com cones. Eu botei a cara pra fora da janela e gritei que pelo amor de Deus nos desse passagem,  que queríamos ir ao cinema e a sessão já se iniciava. Foi como se eu dissesse Abracadabra! O mocinho abriu um sorriso e a a porta do paraíso.

Pedi que meu acompanhante corresse para comprar os ingressos porque eu demoraria pelo menos o triplo do tempo para subir as escadas que nos levam do estacionamento à beira do Lago -  um crime ecológico e paisagístico-  ao andar considerado térreo do Pier, onde estão os cinemas. Bem, resumindo, foi o tempo de sentarmos e o filme começou. Valera  a correria, não perdemos um minutinho da saga desse herói que aprendi a amar  nos desenhos animados assistidos pelos meus irmãos mais novos quando meninos.

Thor, o deus dos trovões, das tempestades. Thor e seu martelo mágico, como era mágica a espada do Rei Arthur, o da Távola Redonda. Desde criança implico com a palavra távola. Por que não Mesa Redonda. Minha mãe me disse que Távola é mais poético. E assim aprendi que nomear as coisas é diferente quando se opta entre o apenas falar e fazer poesia.


Logo no início, reconheço na voz do narrador, o próprio Odin, ninguém menos que Sir  Anthony Hopkins  .
Sim, o ator  inglês que, cansado de fazer com o mesmo empertigamento, seriedade e laconismo, nobres ou criados, como também do fog londrino, foi viver na ensolarada Califórnia e tornou-se um dos atores mais versáteis e amados do nosso tempo.

Já deu pra vocês perceberem que eu não sabia nada sobre o filme dirigido  por outro "monstro" , Kenneth Branagh , o irlandês de Belfast (cidade que conseguiu  superar a fama de mais feia e deprimente da Europa),  que em vinte e poucos anos de carreira  carrega um currículo de 37 filmes como ator e outros 13 como diretor, entre eles duas obras de Shakespeare : Muito barulho por nada e Hamlet. Ah! ele também foi marido de Emma Thompson.

 Odin cavalgando Sleipnir , seu cavalo mágico ( Tjängvide image stone)
Bem, com Hopknis no papel de Odin e Branagh na direção o que temos? Um Thor que é cinema e, ao mesmo tempo, teatro. E os efeitos especiais como os que criam a  ponte mística  entre Céus e Terra são apenas detalhes. Por mim, a tal ponte poderia ser apenas um risco luminoso. Gostaria do filme do mesmo jeito. Mas desculpemos quem foi ver o filme só por conta dos tais efeitos, nada desprezíveis, apresso-me a dizer já como espécie de retratação.

Ah! ia me esquecendo Thor é personificado pelo ator australiano Chris Hemsworth  (28 anos e currículo ainda pequeno), que conseguiu humanizá-lo, dar-lhe a necessária força e fragilidade.  A mocinha (Jane Foster) é a Cisne Negro Natalie Portman,  atualmente em todo tipo de grande produção cinematográfica. Atriz que acompanho desde os tempos de menina em O profissional.  A linda Rene Russo é  Frigga, esposa de Odin.

Bem, mudando de filme. Vocês sabem se haverá Homem de Ferro 3. Adoro!

terça-feira, 31 de maio de 2011

"Islã – Arte e Civilização" , no CCBB de Brasília até julho...

Por Clara Favilla

Se você ainda não foi, vá e leve a família. Depois de passar pelo Rio de Janeiro e São Paulo, está em Brasília até desde 26 de abril e aqui ficará até 03 de julho, a exposição "Islã – Arte e Civilização"está desde  de abril, no Centro Cultural Banco do Brasil. São mais de 300 obras que contam 1.400 anos da história do Islã.  A exposição fez parte  da programação que comemorou os 51 anos da cidade.


Eu fui com a minha amiga, a fotógrafa Gouthier, fomos logo depois que a exposição foi aberta,  e nos emocionamos com toda beleza que vimos em obras provenientes dos acervos do Museu Nacional de Damasco, Museu Aleppo e Palácio Azem (Síria), do Museu Nacional do Irã,  do Museu Reza Abassi e Museu do Tapete, também do Irã.


A exposição também conta com preciosidades da  da Biblioteca e Centro de Pesquisa América do Sul-Países Árabes (BibliASPA) vindas do Marrocos, Mauritânia, Líbia, Líbano, Burkina Faso e Brasil, além de peças do Mali, Níger e Nigéria do acervo da Casa das Áfricas.



A tapeçaria exposta é de rara beleza, assim como as joias e peças decorativas. Uma das partes que mais gostei foi a reservada a arte da Caligrafia, com páginas e páginas do Alcorão. Belíssima. Realmente imperdível.


Visitação:  Terça a domingo, das 9h às 21h. 
Local: CCBB Brasília - Setor de Clubes Sul, trecho 2.

quinta-feira, 19 de maio de 2011

Minha casa, minha vida: Lindinha por dentro e por fora... como a dona, nossa querida Mariazinha...

Era uma vez uma menina e seus doze irmãos. Quando criança, gostava de andar à cavalo com o pai pela fazenda, ainda de madrugada. Nasceu com belos olhos e o tempo lhe acrescentou lindos cabelos. Fez, então, duas tranças e não ficou feito Rapunzel esperando o príncipe encantado. Estudou e foi à luta como se nada tivesse de seu. Nenhuma herança. Nada.

Mariazinha adora se levantar e namorar suas flores pela janela
Começou a ralar no jornalismo pelo  Correio Braziliense, no dia exato que Tancredo Neves, na véspera de ser empossado Presidente do Brasil , deu entrada no Hospital de Base de Brasília, 14 de março de 1985, para ser declarado morte em 21 de abril, em São Paulo.

Generosa,compartilha a beleza que vê com os amigos do Twitter
Mariaziinha tem mais de 20 anos de O Globo e o reconhecimento de chefias, fontes, colegas, leitores e dos eleitores que a fizeram ganhar, este ano, o Troféu Imprensa (categoria Impresso). Que mais? Tem uma legião de amigos/fãs e, correndo em raia paralela e única, na grande pista de seus afetos, o filho lindo, Gustavo.

Janelas pintadas de branco, ela é romântica!

Mariazinha tem delicadas xícaras antigas que atestam sua natural delicadeza
A fonte no jardim comprova seu gosto eclético
Luminária de Graça Seligman foi um plus interior

Cores que comprovam o jeito afável de ser

Detalhes da varanda
Mariazinha ama a casa que construiu, mas o que ela amas mais é gente!
Mariazinha, eu e Penha. Faltamos na outra foto
É uma delícia cozinhar na casa dela. Mas é melhor  levar os ingredientes que precisa ou pedir para ela comprá-los. Fazer a lista direitinho e levar as panelas apropriadas. Não vai chegando e achando que a casa por ser  linda a cozinha é toda equipada (risos). A macarronada foi feita por mim.
Felicidade é tudo, né Leda Flora?
Muito boa essa rede, em Dona Ruth?
Gente, esse é o primeiro post da série Minha casa, minha vida. Outros virão. Este está apenas começado. Aguardo contribuições via e-mail (cafeveneno@gmail.com) ou no espaço comentários do blog. Beijos pra nossa queridíssima Mariazinha e a sua legião de amigos.

domingo, 15 de maio de 2011

Para Memélia, cozinhar é liturgia, celebração!

Por Clara Favilla

Cai a tarde na Chácara da Porteira, em Brasília. Um pedaço do paraíso no final do Lago Sul, resultado do trabalho de uma vida da amiga querida, Ruth Scaff. O filho Daniel trata, agora, de fazê-lo rentável por meio de uma produção de orgânicos, hortaliças e legumes.

Foi um sábado delicioso com a turma do Café & Veneno e aderentes, nutrido pela mão poderosa da amiga Memélia no manejo das panelas. Foi um ensaio de despedida, a amiga retorna ao lar nos Estados Unidos. Mora em Orlando, num condomínio bem entre as "franjas da Minie", como definiu Ascanio Seleme e gosto de repetir.

Antes, faz palestra na PUC de Campinas, testemunha que foi de primeiros contatos com povos indígenas. Memélia andou a região do Araguaia a pé. Recita de cor nomes de rios, igarapés, pequenas cidades e povoados. Foi uma honra e uma benção tê-la tão intensamente conosco por mais de dois meses.

A dona do paraíso: Ruth, o filho Daniel e netos

A brisa de outono, no fim de tarde, prenuncia o friozinho da noite.  Daniel traz a sobremesa e o café para a varanda. O papo corre solto. Bem alimentados e nutridos na carne e espírito parece que ninguém quer ir embora. Aproveito para fazer mais uma caminhada em volta da casa e me colocar em estado de admiração com tudo o que é delicado e exuberante na natureza.

Quanta exuberância!
Encontrei vários pés de algodão
Delícia para passarinhos
Fartura de mamões

Flores abertas e em botões
Pássaro solitário
Delicadeza em lilás

Ruth, eu, Mariazinha e a estrela do almoço: Memélia

Daniel e Mariazinha

Olhá lá! Uma fogueira pronta para ser acesa!
Ô coisa  boa! Milho e maxixe...
Ricardo caprichou no pratinho
Cozido é comida agregadora, diz Memélia.
A costelinha trazida pronta por Mariazinha

No Cozidão, itens podem ser escolhidos,o que agrada a todos
O Cozidão maravilhoso foi um presente da Memélia aos amigos do Café & Veneno. Os preparativos para o almoço deste sábado começaram na tarde da sexta-feira, quando fui buscá-la na livraria Cultura da CasaPark, onde ela achou quase todos os livros que precisava sobre Mitologia.

Passamos no supermercado para comprar carnes e itens não produzidos na Chácara da Porteira. É uma delícia ver a paciência, o cuidado e o desvelo de Memélia no preparo de tudo que se propõe a fazer. Não rola nenhum stress e tudo funciona nos mínimos detalhes. Logo que chegamos em casa, carnes foram preparadas, temperadas, embaladas e colocadas na geladeira. Depois disso, ficamos conversando até quase três da manha.

Claro que acordamos tarde, mas em instantes tudo estava devidamente acomodado no porta-mala do carro. Confesso que sou um desastre nessas arrumações! Quando chegamos à casa da Ruth, precisam ver a felicidade de Memélia ao encontrar panelas de barro e de ferro, suas preferidas.

Enquanto o Cozidão ainda borbulhava e espalhava a coletânea de aromas que lhe é próprio, Memélia controlava a ansiedade de todos, colocando a nossa disposição parte da carne que ia ficando pronta e  banana frita. Isso mais as entradas e os pães especiais encomendados pela Ruth deixoram a espera pelo prato principal bem divertida e confortável.Um verdadeiro ritual, celebração!

Ricardo e Mariazinha: amigos pra sempre

Momento fofo!
A cozinha é sempre o melhor lugar das nossas reuniões
Nesta foto a Katita, que foi embora mais cedo

Muito carinho entre pães, frutas, verduras e legumes

Fotos acima foram feitas enquanto o cozido ficava no ponto
A primeira foto do dia.  Este post foi feito do fim pro começo, como as fotos saíram postadas. Era para ser o contrário. Mas daria muito trabalho inverter a ordem. Então, o texto se ajustou às imagens. Até o próximo encontro!