Por Cris Lopes
Recebemos uma visita especial nos últimos dias.Tia Ondina,a que se tornou tia de todos nós. Recém-viúva, nos deu a honra de hospedar-se conosco. Veio com uma das filhas e o genro, que a trata carinhosamente por Didi.
Sempre me impressionei com a tia e seus noventa e tantos anos de vida, mas, a cada vez que a encontro, me encanto mais. Lindinha, elegante, altiva, mas supersimpática; e o mais interessante, rueira e boa compradora. Falou em sair para umas comprinhas no shopping, é a primeira a se animar e a consumir.
Podem ser vestidos, blusas, presentes, qualquer coisa que lhe chame atenção. Notei uma predileção enorme pelo roxo e lilás. Não perguntei o motivo, mas creio que é uma maneira de usar luto sem aquele peso do preto liso de antigamente. Os vestidos comprados eram todos floridos ou com desenhos em branco sujo, ou outra cor que não me lembro mais. A blusa, sim, era totalmente lilás, mas com um corte moderno, porém em harmonia com a idade.
É uma senhora vaidosa. Nos dias em que esteve aqui, em nenhum momento a vi sem unhas bem feitas, pés tratados, brincos, anéis... uma coisa que me fez pensar. Se eu tiver a graça de chegar aos noventa quero ser assim. Reconheço que, para, se manter como a tia , é necessária a presença de dedicação total das filhas e bastante votos de amor dos muitos sobrinhos. Parabéns, Ciça, Célia, Rayanna e Marco Túlio. Vocês conseguiram. Todos, com enorme afeto e carinho, ajudaram a nossa Didi a manter-se em alto astral, apesar dos percalços da vida.
Mesmo com amigas do norte hospedadas aqui em casa ao mesmo tempo, creio que consegui equilibrar e proporcionar à tia o tratamento merecido. Senti saudade assim que ela partiu de volta a Brasília. Ainda bem que em breve voltaremos a nos ver.
O que mais me impressionou nessa visita de velha senhora foi o fato de que ela ficou viúva há uns 15 dias. O casal Otto-Ondina acabara de romper uma vida em comum que contava 68 anos, entre quatro de namoro e 64 de casamento. Viviam que era uma graça. É claro, há momentos nos quais ela se abate, chora quieta em um canto, sente saudade de uma vida inteira, mas logo se ergue, levanta, toma um café e lembra-se que está viva e com ótima saúde. Sempre sem incomodar a mais alguém.
Amigas e amigos, sei que se trata de algo muito pessoal, mas, mas quem não tem ou teve uma tia Ondina em sua vida? Quem tem precisa valorizar. Por isso peço licença para homenagear essa pessoa linda e amada. Escolhi o blog Café&Veneno como veículo. Perdoem-me os que não apreciam muito casos de família, mas homenagens devem se feitas em vida.
Parabéns, Cris. Quem quiser que escreva uma crônica mais bonita, não é? Gente como Tia Ondina ajuda a tecer a teia das gerações. Feliz de quem tem sensibilidade para assimilar sabedoria e o afeto.
ResponderExcluirCris, me "empresta" a tia fofa? Bela crônica.
ResponderExcluirCris,
ResponderExcluirNa adolescência da tia Didi o seu texto seria saudado assim: texto supimpa. Não se avexe por saudar a Didi. O exemplo dela vale muitas crônicas. Aí no Rio tenho uma Didi, ela se chama Judith (99), mas a chamo de Jujuba pela juventude que exibe.
Bela crônica! Merecida homenágem.
ResponderExcluirQue maravilha ter uma tia Ondina. Parabéns para você e a família. Continue escrevendo, mais e mais.
ResponderExcluirCris, agradeço em nome de toda a família a homenagem realmente merecida.
ResponderExcluirÉ uma alegria enorme tê-lá em nossas vidas, um presente para se preservar, admirar, espelhar e guardar na memória, assim como nosso saudoso velhinho Otto. Adoramos a hospedagem, obrigada por tudo.
Beijos carinhosos.
Ray.
Ups, quase não encontro o texto. Não consegui por aquele link e entrei pelo blog. Gostei muito. Deus abençoe a tia que sei é do Marco e você "adotou".
ResponderExcluirMuito bonito, Cris.
ResponderExcluirBeijos
Pris
A valorização dos tios e dos avós e uma das coisas mais bonitas na vida de uma pessoa. Lindo, Cris.
ResponderExcluir