quarta-feira, 29 de junho de 2011

Na Flórida, o Museu Salvador Dali... Imperdível para quem está em Orlando

 Por Clara Favilla
A terra do Tio Sam,  os Estados Unidos, é a mais xingada do Planeta, não é mesmo? Muito dessa xingação deve-se, cada vez me convenço mais disso, ao nosso desconhecimento sobre esse gigantesco, diverso e complexo país e do peso que tem no mundo.  E também porque do que nos chega de lá, a maior parte é lixo na forma de entretenimento (basta se analisar a grade dos canais pagos), igrejas evangélicas preocupadas com exorcismos e dízimos, além do fast-food.

Meu pai, que  faleceu em 1993, sem ver milagres tecnológicos como a internet, por exemplo, tinha consciência disso. Para ele, o mais despretencioso dos filmes americanos era sempre superior, em termos técnicos e performances artísticas que qualquer produção nacional. Ai tem quem diga que com muito dinheiro tudo fica melhor mesmo. Que dinheiro, como já disse Nelson Rodrigues, compra até amor verdadeiro. Mas sou cética com respeito ao tal nosso cinema, seja qual for o orçamento envolvido. Diretor brasileiro não quer fazer filme, mas revolução. Escritor brasileiro não se permite contar uma história, quer criar uma nova linguagem. 

Assista-se um filme protoganizado por Julia Roberts, desses românticos e contabilize o esforço físico, artístico e financeiro da produção.  E os filmes de Stallone? Abstraia da história e concentre-se nos cenários. Fabulosos. Alguns tão fortes e rico de detalhes que me fazem lembrar o Juízo Final de Michelangelo que cobre uma grande parede da capela Sistina,Vaticano. Não não riam, por favor. Estou falando sério.



As escadarias apaixonantes lembram a fascinação de Dali pela representação do DNA
Uma amiga viajou pelos Estados Unidos, aquelas tais viagens costa a costa e voltou maravilhada com tudo de bom e belo que encontrou pelo caminho, inclusive preciosos  museus de Arte Moderna. Sem falar, os que os que abrigam coleções de Impressionistas e  de Fauvistas, seus predecessores.  Faço aqui uma  digressão:  quantos dos que me lêem, estando em Nova York, foram ao MOMA  ou ao Metropolitam?

Muitos dos que não foram, certamente atravessaram a ponte e perderam um dia interiro naquele Outlet de New Jersey. Longe pra caramba. Não, eu não conheço esse Outlet. Registro aqui  que fiz uma única viagem e a trabalho aos Estados Unidos. Estive em Nova York e Washington. Sim,  em NY fui ao Moma e ao Metropolitam, nas horas livres que me restaram. Um amigo, nas poucas horas de folga de uma viagem de trabalho a Washington, visitou a lindíssima Biblioteca do Congresso.

E quem, estando em Orlando, foi até Saint Petersburg   ? (Deixe a preguiça de lado e clique à esquerda para saber mais) É uma cidade  lindinha de 300 mil habitantes, um pouco menos que Tampa, que também fica na Flórida. Em uma hora, no máximo, se chega a Saint Pete, vindo de Orlando, que todo mundo conhece de olhos ou de ouvidos por causa de seus parques temáticos e os brinquedos da Disneyworld. Tampa fica mais lonjinha, duas horas.

Quem botou  no meu mapa Saint Pete, como é chamada pelos americanos, foi a amiga Memélia (@memeliamoreira) que mora em Kissimmee também nas redondezas de Orlando. Ela me disse que vai a Tampa e que aproveitará para conhecer o Museu Salvador Dali que fica em... fica em... Saint Pete.

Outra pergunta: quem foi a Orlando, neste primeiro semestre do ano, ou ainda vai,  com ou sem filhos  colocou esse Museu no roteiro?  Poucos, acho. Afinal,  Outlets são bem mais "compensadores". Malas que  vão vazias e voltam cheias pagam a passagem em eletrônicos, roupas e tênis a preços irresistíveis. Por isso,  fico longe de Outlets. Não quero gastar o que não tenho (rs). E além disso, se compramos só porque está baratíssimo já pagamos muito caro. Pagamos mais caro ainda se compramos o que, de fato, nem  precisamos. Um Real aplicado no dispensável é o dinheiro mais desperdiçado do mundo diz um amigo.

Pois bem, outro mito que um professor meu gostava de atacar é que os americanos são super individualista. Segundo ele, que morou  nos Estados Unidos, Europa e Ásia, poucos povos  como o americano tem senso de coletivo, de comunidade tão grande! O círculo social da maioria dos americanos se dá  no âmbito da Igreja que frequentam. Nos Estados Unidos, o voluntariado é bastante desenvolvido. Não conheço por aqui ninguém que reserva algumas horas de  um dia da  semana para contar histórias para crianças numa escola ou  biblioteca comunitária. Memélia que mora em Kissimmee faz isso.

Para  a maioria dos brasileiros, o social limita-se ao círculo familiar. Se pode fazer uma doação ou empregar, principalmente quando o salário do contratado não lhe sai do próprio bolso, procura logo uma parente. Herança portuguesa, bem esclarecida no livro Raízes do Brasil, de Sérgio Buarque de Holanda.

O americano, quando enriquece,  aporta recursos para a Universidade onde estudou.  Quando morre, doa parte do patrimônio para instituições as mais variadas. Inclua no rol aquela que pesquisa a cura do câncer e também aquela que busca vida em outros planetas.



A fachada do Museu foi inspirada em elemntos deste quadro

O Museu Salvador Dali  foi  criado a partir da coleção da milionária Eleanor Reese Morse e seu último marido A. Reynolds Morse. Foi em Sain Pete que ela morreu, em casa, aos 96 anos, em julho de 2010. O Museu foi inaugurado em janeiro de 2011. "Nosso" Abaporu, de Tarsila do Amaral, marco do Modernismo, no Brasil, mora hoje na Argentina.

7 comentários:

  1. Clarinha, excelente dica. Pretendo visitar... sergio cross

    ResponderExcluir
  2. Como sempre, texto ótimo e boa dica para mim que não conheço o Museu Salvador Dali. Beijos.

    ResponderExcluir
  3. É verdade, o Museu de Dali fica em Saint-Pittsburg, um tiro de Winchester de Tampa. Quase Plano-Piloto/Taguatinga. Um pouco mais, só que a estrada é boa.
    Gostei do teu post porque é um alerta contra os preconceitos. apesar de toda minha formação, dentro de princípios que um diia foram chamados "de esquerda", jamais cultivei antipatias elos EUA. Por várias razões. "Casablanca', Louis Armstrong, Mojave, enfim... da mesma forma como jamais discriminei os alemães por causa de Hitler. Porque sempre acreditei nos povos e na sua capacidade de fazer História. Gosto dos EUA e me divirto quando leio comentáios carregadinhos de desinformação, com a voz empostada de soberba.
    Aqui te espero.
    Memélia

    ResponderExcluir
  4. O texto é ótimo e concordo em tudo com o comentário da Memélia.
    Abs

    ResponderExcluir
  5. Quero ir conhecer o Museu!!!! Parabéns pelo artigo e lindas fotos.
    Ana Carla Francisco

    ResponderExcluir
  6. É bom entrar no blog e encontrar um post assim. Parabéns e obrigada pela dica.
    Mariinha

    ResponderExcluir
  7. Clara, texto muito bom e esclarecedor. Bjs

    ResponderExcluir