A frase do título é uma das que que pontuam a exposição de Fernando Botero, Dores da Colômbia, encerrada, neste domingo, 01 de maio, no Espaço CAIXA Cultural,em Brasília. Impactante! Quem não viu perdeu. O artista ao retratar a violência recorrente nas cidades e campos de seu país fala de toda a América Latina e também do mundo. Expõe as atrocidades para as quais fechamos muitas vezes preferimos fechar os olhos quando delas estamos a salvo.
Estamos acostumados às figuras roliças, românticas e mesmo irônicas do pintor que nasceu em Medellin, mas vive e trabalha em Paris há anos. Mas a exposição de aquarelas, óleos e desenhos que eu e minha amiga Márcia Gouthier vimos na última sexta-feira, 29 de abril, mostra a faceta violenta da Colômbia sem catalogá-la como vindas de traficantes, policiais ou donos de terras.
É um soco no estômago. As chacinas estão ali descritas visualmente, em cores vivas, como as da bandeira da Colômbia: aqui um carro explode; ali a mão do capataz se ergue contra a mulher desesperada diante do marido assassinado. Mais adiante, em outra tela, dezenas de corpos estendidos. O anjo da morte , um esqueleto com asas dança sobre o piso repleto de cadáveres de uma Igreja. No plano superior dessa mesma tela, um clérigo abençoa.
As obras expostas foram incorporadas ao acervo do Museu Nacional da Colômbia porque o artista não quis fazer dinheiro com a dor de seus conterrâneos. Foi o que ele disse. Chamam a atenção para a onda de atentados que varreu a Colômbia nos anos 1980 e 1990.
“Devo dizer que a sensação que experimentei, ao pintar esses quadros, não é o mesmo prazer que sinto pintando normalmente o mundo que eu pinto. É outro sentimento. O simples fato de propor, como um artista, encontrar uma imagem simbólica que refletisse o grande drama da Colômbia, significa um estado mental que não é agradável, mas sim doloroso”, declarou Botero sobre essa coleção.
“Meu país tem duas faces. Colômbia é esse mundo amável que eu pinto sempre, mas também tem o rosto terrível da violência. Não acredito na arte como combate. Mas algum momento, tenho que mostrar essa outra face da Colômbia." Está falando ou não do que acontece em todo o mundo?
A mostra já esteve no Memorial da América Latina em 2007. Foi tão grande o número de visitantes que voltou ao Brasil. De Brasília viaja para Curitiba, Rio de Janeiro e Salvador
Parabéns pelo texto. Adorei. Não tive tempo de ir ao Espaço CAIXA Cultural. Sem tempo para nada e ainda tenho que preparar umas coisas. Beijos
ResponderExcluirPreciso conferir.
ResponderExcluirbjs