Canção do Amor Tranquilo
Encosto o meu rosto
No teu ombro moreno
Imensa é a solidão
Mas o mundo é pequeno
Por acaso encontrei
Mesmo em Roma ou Paris
Amigos do Brasil
Só não achei quem quis
A alma desejada
Em perfeita constância
Em anos solitários
Obsessão da infância
Aceito o destino sem queixas
Estou sereno
Encosto o meu rosto
No teu ombro moreno
Na tarde do dia 15 de outubro de 2007, perdemos um mestre de excepcional valor: o poeta, crítico literário, dramaturgo, jornalísta e professor Cassiano Nunes
"Quando pisou no aeroporto do Galeão (RJ) – vindo de Nova York –, Cassiano Nunes Botica voltava ao Brasil depois de cerca de quatro anos de estudos na Alemanha e nos Estados Unidos. Não fazia idéia de onde trabalharia. Largou o emprego de professor de literatura brasileira na Universidade de Nova York para retornar ao país natal. Ao longe, avistou o amigo que entrelaçaria sua história à de Brasília. O senhor magro, calvo, de óculos era o poeta Carlos Drummond de Andrade. Ao escutar o pedido do amigo por um emprego, Drummond pediu calma. Duas semanas depois, o escritor mineiro o indicaria para lecionar na Universidade de Brasília (UnB), no Instituto de Letras (IL). Era 1966 e Cassiano permaneceria na instituição até 1991. Passados 38 anos, o jornal UnB Notícias homenageia, na série Personalidade, o poeta, crítico, professor, ensaísta e Doutor Honoris Causa (título concedido em 2002). Ou como ele mesmo se chama – o "velho cão" do Cerrado.
Em Brasília, além da própria produção literária, Cassiano Nunes – formado em Letras Anglo-Germânicas e Contabilidade (por pressão do pai) – é referência na formação de vários poetas, entre eles João Carlos Taveira, Climério Ferreira e Gustavo Dourado. Pela contribuição para a cidade, tornou-se cidadão honorário de Brasília em 2001. "Ele sempre nos promoveu e chegou a montar exposição em Paris só com poetas brasilienses", afirma o poeta e jornalista Guido Heleno, ex-aluno de Cassiano. Um dos maiores estudiosos da vida e da obra do escritor Monteiro Lobato, Cassiano Nunes vive em meio à biblioteca que ocupa grande parte de sua casa na 711 Sul, em Brasília. Amigo de Mário e Oswald de Andrade, Antônio Cândido e Patrícia Galvão (Pagu), ele só começou a escrever poesias depois dos 40 anos – até 2002, publicou 63 obras, entre poesias, ensaios, artigos e críticas. No último dia 4 de maio, lançou sua mais recente obra: Literatura e Vida, uma coletânea de artigos. Fonte: Revista da UnB. |