Dizem que muitos nomes contem o destino das pessoas.
Não é para todo mundo que Deus diz: Vá ser Anjo na vida.
E mesmo que Deus diga, não são todos os que obedecem a sina de proteger, guardar e se esquecer pelos outros.
Mas há os que levam essa sina a sério e vivem uma vida longa para melhor
iluminar o caminho de uma família tão grande como a nossa.
Todos dessa imensa família Pellicano somos um pouco irmãos e filhos de Ângelo.
Todos aqui provaram de sua comida e não se esquecem de seu arroz com chuchu. Da bacalhoada sempre aumentada com pão amanhecido. Nem de sua torta de banana e muito menos de um especial doce de gomos de limões galegos, colhidos no quintal. Ele sempre fez o milagre de esticar o que tinha na dispensa para que ninguém passasse fome. E nunca lhe faltou dinheirinho pra arriscar no jogo do bicho.
Quando
a mãe, Venerina, ficou viúva aos 35 anos, com nove filhos, ele foi
precocemente arrimo de família. Cuidou dos irmãos mais novos. Aprendeu a
cozinhar, costurar, fazer crochê. Quando jovem, tinha uma legião de
amigos. Adorava dançar, pular carnaval, e dizem que também de tomar uns
porres de lança-perfume. Não era proibido.
Foi
o mais amado dos irmãos, das irmãs, cunhados, cunhadas. Cuidou dos sobrinhos
e sobrinhas como filhos antes e depois de ter sua própria família com
uma das mais lindas moças de Ouro Fino. Ela também carregou no nome o
destino de ser Cirineia e Santa. Cirineia Santa Rigotto.
Vocês
sabem, Cirineu foi aquele bom homem que ajudou Jesus a carregar a cruz
até o calvário. Não foi por acaso que uma Cirineia aconteceu na vida de
um Anjo. Deus sabia que a tarefa dada a Ângelo Pelicano seria plena de
luz, de muitas alegrias, muitos fortes acontecimentos, mas também de
muitas perdas e dificuldades. Nunca seria fácil.
Então,
abençoada a família que tem como exemplos, como guias um Anjo e uma
Santa. Eles teceram juntos belezas pelos caminhos que trilharam na forma
de casas sempre arrumadas e acolhedoras, vestidos de festas, enxovais,
ternos, casacos de frio, peças de crochês e bordados, bolos de
casamento e de aniversário. Cuidaram juntos com desvelo de parentes
doentes. E há sobrinhos aqui que estão vivos porque, quando desenganados
pelos médicos, Ângelo não esmoreceu. Passou a noite velando por eles,
quando as mães já não aguentavam de exaustas.
Celebramos no dia 23 de maio a vida de Ângelo Pelicano, filho, irmão, marido, pai, sogro,
tio,padrinho, avô e bisavô; do Ângelo Pelicano amigo querido de tanta
gente de Ouro Fino e aqui de Brasília. Dizem que ele completou 90 anos.
Mas vocês sabem que Anjo não tem idade. Anjos são eternos. Amém