terça-feira, 8 de fevereiro de 2011

# Pronto falei: A musiquinha é ATIREI O PAU NO GATO

Por Ruth Simões

Adoro tuítar. Mas tenho alguma dificuldade técnica. Algumas vezes é o computador que parece muito lento, outras é a baleinha do Twitter que aparece seguidamente para informar que há excesso de usuários. Assim, acabo deixando de dizer um monte de coisas que gostaria... Talvez isso tenha um lado bom. Talvez evite até algumas "saias justas". Sim, porque para conversar você tem que dar sequência ao diálogo iniciado. Eu, por exemplo, não gosto de entrar no TT e perceber que amigos queridos fizeram observações, no dia anterior, que não li nem respondi. Imagino que, para eles, foi como falar no telefone com alguém que desliga antes do fim da conversa.

Você acha esse gato fofinho, então leve ele pra casa!!!

Adoro falar, ouvir, conversar, responder, concordar, discordar... Gosto até de me meter em conversas onde não sou chamada, se o assunto me atrair de forma irresistível (fiquem tranquilos, amigos tuiteiros, isso não acontece com frequência...Rs). Antes de fazer parte de redes como o Twitter e o Facebook, eu conversava em filas de banco, de mercado, em fumódromos (quando ainda fumava, muito tempo atrás), em qualquer lugar onde tivesse gente reunida.

Acho que a conversa enriquece. Dificilmente deixei de me sentir melhor e mais "rica" depois de conversar com qualquer pessoa, sobre qualquer assunto. Admiro o poder da palavra. Por isso sou fã das redes sociais. Através delas tenho conversado com amigos antigos redescobertos, amigos recentes, pessoas que conheço pouco e outras que nem conheço. Está sendo um grande aprendizado. Por não dispor de todo o espaço do mundo, acho que estou reduzindo os detalhes e me limitando ao essencial. É uma coisa que sempre quis melhorar em mim. Detalhes são dispensáveis, sempre. Só interessam ao Roberto Carlos, como diz Conceição Krause, uma amiga querida.

Mas quando você se limita ao essencial, a coisa complica. Hoje, por exemplo, li num tuíte uma pergunta mais ou menos assim: o que fazer com um menor que já foi condenado 17 vezes por crimes gravíssimos? Tive muita vontade de responder no melhor estilo do filme Tropa de Elite. Peraí, gente. Minhas raízes goianas me fazem pensar em formas menos democráticas e mais eficientes de resolver casos assim. Mas eu não sou 100% goiana. Apesar de ter vontade de radicalizar por estar cansada do protecionismo exagerado aos marginais, eu defendo a vida. Mas volto a Tropa de Elite para defender "direitos humanos para humanos direitos". Quanto aos tortos...

Não dá para falar disso em 140 toques e depois deixar as contestações sem resposta. Sei que é uma discussão interminável, que vou ser apedrejada por muitos, que vou ser mal interpretada por outros tantos... Mas aqui, resolvi confessar: estou cansada de tanta  "correção política". Estou cansada dos discursos politicamente corretos e vazios Não quero ter medo de sair de casa, não quero ser ameaçada por falsos sequestradores em telefonemas feitos de dentro de presídios, não quero que minha neta conheça o bandido que vende drogas em portas de escolas... Acho que tudo tem um limite. Acho que já fomos tolerantes demais com quem não merece. Acho que precisamos repensar nossos conceitos.

Acompanhei as discussões na Assembléia Constituinte de 1988 (é, faz tempo...) e os avanços na área de direitos humanos. Sei que eles foram necessários e vieram num momento importante. Fui uma das muito entusiasmadas. Mas será que já não é hora de fazer um balanço e ver o que melhorou, o que piorou, o que é preciso corrigir? Ou vamos passar o resto da vida arranjando justificativas para essas pessoas que nos privam de viver em segurança? Somos culpados? Sinceramente, eu não. Não prejudico ninguém. Defendo os direitos dos meus semelhantes. Vivo e criei meus filhos com o resultado do meu trabalho. Não sou obrigada a  concordar com quem acusa Monteiro Lobato de racismo. Não me obrigo a  cantar "não atire o pau no gato" .Prefiro cantar "atirei o pau no gato" e no fim da música explicar  a minha neta que é só uma brincadeira e que  amamos e respeitamos os animais.
Vamos ter mais complacência conosco ou vamos continuar carregando a culpa pelos pecados de quem nos tira o sossego, nos rouba e até mata e continuar  lotando os cinemas para aplaudir o agora "coronel" Nascimento?

Nota do redator: vocês percebem que continuo no divã? Ah, esse espaço é precioso. Será que meu amigo José Romildo tem razão? Não, Zé, eu não penso que sou o centro do mundo (muitos risos)...

3 comentários:

  1. Vc ainda não esqueceu disso? Ainda acho até hoje que vc pensa que é o centro do mundo. Se vc riu, é pq sabe que isso é elogio.

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  2. Ruth, querida, que post gostoso de ler. Concordo com você em tudo que disse com tanta graça. Ah, pelo menos no Twitter a resposta sempre vem, mesmo que tardia.

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  3. Ruth, adorei o texto e me identifiquei muito com ela. Adoro conversar, falar, concordar e discordar, mas também gosto muito de me meter (sempre com educação) na conversa dos outros. Ainda bem que sou carioca e isso por aqui é meio comum. Andar no metrô ou ônibus e escutar uma boa história nas cadeiras ao lado é uma delícia. Chato é quando chega a hora de descer da condução e a história do vizinho não terminou. Parabéns pela delícia deste texto. Este blog é para ser visitado diariamente. Beijão

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